31 de janeiro de 2010

Raio Verde


"spejismo simulado o superior: Banda irregular que parece salir de la parte superior del limbo solar, con duración entre 1 y dos segundos. El disco solar o parte del mismo se siguen viendo. Acontece cuando existe una capa de inversión térmica por debajo del observador, con la superficie más fría que el aire. Es más probable cuanto más alto se realice la observación, y más evidente cuanto más cerca se esté de la capa de inversión. Este tipo representa aproximadamente una cuarta parte de todos los rayos verdes"


Gostei dos poucos filmes que vi de Eric Rhomer. Justo por seu tempo que quase acompanha o tempo das coisas, que não apressa o que se pode ver, que não dá sentido ou explicações profundas para relações que são por si bastante ordinárias, no seu melhor sentido. Em alguns deles sempre surge um personagem feminino irritantemente neurótico e infantil. Mas todos ali estão em busca de algo. Não é aquela busca inventada, sugerida, aplaudida, que dá aos filmes a chance de ter uma platéia cult e perdida em suas “grandes questões”. Não há nenhuma grande questão, Apesar de estarem ali alguns diálogos idiotamente intelectualizados e que não pretendem oferecer nenhuma sensação de que sejam reais. Esbarram às vezes numa interpretação quase teatral que impede que a gente se entenda dentro do filme. Somos apenas espectadores de alguns atores que interpretam horas de busca. Parece que estão sempre tentando entrar na história, nas próprias histórias. E é sempre o amor que em algum momento possibilita essa inflexão. Ou o raio verde. E isso me parece extraordinariamente bonito.


Raio verde é o nome de um filme de Rhomer, emprestado de um romance escrito por Julio Verne. É também um fenômeno real que pode ser visto por alguns segundos durante o por do sol, em condições muito especiais (ar claro, horizonte distinto e visível...). A lenda criada por Verne, e referida no filme, trata da ocasião em que alguém em algum momento da vida avista o raio verde e isso serve como uma revelação: do amor, do que é íntimo. Segundo consta no romance de Verne quando duas pessoas avistam juntas a esse raio surge ali um amor verdadeiro. No meu romance, ao ver o filme, o raio verde bem mais me pareceu um segundo de epifania, revelação e encontro com o nosso mais íntimo e desconhecido.

É um belo raio. E talvez esse segundo de nada valha. E talvez o que mais importe seja justo o que nada vale.

Um comentário:

Luís Filipe disse...

Rohmer! Sempre um prazer assistir aos seus filmes.