12 de abril de 2006

a foto da fotografia


Uma janela pra quem está de passagem, por quem está de passagem. Dela se vê o que se pretende. Nela, espelho acaba se tornando paisagem. Quem fotografa? - , ou pra quem é a fotografia? Quem congela a imagem ou quem a faz movimentar na fantasia. Quem capta o instante e quem o desdobra em tempo mais largo. Pela janela, janela da alma ou janela da janela de si. O que se vê de dentro de si. Pra onde se vê de dentro de si. Porque a si se refere, a foto da capa. Porque pra outro se oferece o que de si se congela. É a janela que diz. Ou o dedo que aperta o botão. É o minuto. Ou a sensação do minuto. É aqui, se estando sentado no ônibus, pensando desordenado nas imagens que se sobrepõem à paisagem interna. É a paisagem interna que se faz na claridade que bate na janela do ônibus. Não se sabe a que se atribui o motivo da fotografia. Mas não é o que importa. O motivo cada um cria. Pra mim, uma janela vazia. Pra mim, o que a foto revela é a suspeita de que no banco do ônibus coisas interessantes acontecem nas mãos do fotógrafo, que fotografa a si. Que onde não diz, se mostra. Que onde a foto não alcança, habita.

Nenhum comentário: