18 de setembro de 2011

O fio da Olívia




Este fio que a Olívia segura é longo, não envelhece, não se desfaz. É um fio que não tem início. Quando vamos atrás do começo, ele se perde em outras mãos, tantas mãos, que vieram antes da Olívia, antes de mim, antes da mãe, antes do pai, antes da vó, antes do vô, antes de antes de antes ancestrais. É um fio que guarda consigo amor, e também violência. Que guarda memórias felizes, e dias escuros. É um fio de contrastes. É um fio que cresce. Que das mãos da Olívia gerará outras raízes, percorrerá outras mãos, registrará acontecimentos, memorizará fotos e palavras. Neste fio tem os cuidados da minha mãe, a dignidade do meu pai, as palavras da Cacá, as fotos do Felipe, as minhas perguntas, os silêncios do Adriano, as costuras da Regina, as histórias do João, os sons da Cris. Tem amigos e companheiros que criaram raízes em mim. Tem o desaparecimento da Tarsila, as ruas do Lulu, os passeios da Fofa. Tem Chicão e Jamelão. Tem a Betania. Tem a outra casa da Hilda.E mesmo tendo tanta coisa, ele não pesa. É leve o suficiente pra que a Olívia imprima ali seus olhares.  Resistente o suficiente para que a sustente em seus passos.
É nosso. Que vem de não sei onde. E segue o fluxo da vida, como tem que ser.

2 comentários:

Unknown disse...

Lindo!

Beatriz Vargas Ramos disse...

Esse é fio, mas a trama é da Olívia. E será única, irrepetível, completamente nova... Lindo o seu texto, Camila, emocionante mesmo. Beijo