1 de junho de 2006

caras


Dentre todas as minhas verdades, qual seria a verdadeira? Qual das verdades a verdade para me chamarem: "a verdadeira"? A que preço elejo com esforço a verdade dentre todas? A que choros, que vertigens, que poemas, construo a verdade como se ela já existisse? Há dados no coração? Ou encontro desverdades nos outros, a quem pago para me dizerem verdades? Qual a verdade que não quero acatar? E qual aquela a qual quero me devotar? Como me partir em verdades diversas? Como me excluir e ter que escolher de mim a melhor versão? Em qual das verdades sobrevivi desde que tomei o gole de café numa noite de insônia? Dentre estes anos passados, quais as versões? Dentre os anos passados, quais as camilas que escolhi para hoje ser chamada de outros nomes? O que vejo diante do espelho senao um estilhaço, um cagaço, ou o cangaço de saias curtas? O que faço ao driblar as imagens e refleti-las em outras inventadas? A quem vendi as últimas camilas, a quem agora vêm cobrar os credores? Qual será a próxima camila despejada pela falta de pagamento ou pelo excesso de tormento? Qual delas? Uma pomba gira em torno delas. Qual a que quero escolher? - A mais simples. Mas que simplicidade exige tanto esforço que não deixe de ser? Que verdade exige tanta construção que não se torne uma mentira?

Um comentário:

murilo disse...

eu ando adepto da verdade dual da contradição

como em 'full metal jacket', do kubrick, em que o soldado do vietnã usa um broche de 'paz e amor' e tem 'born to kill' pintado no capacete.